Faça você mesmo

     A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro implantou um sistema de registro de Boletim de Registro de Acidente de Trânsito(Brat) on line. Os próprios envolvidos farão a coleta dos dados no local do fato e cada um deles fará o seu registro pela internet, gerando um protocolo. Depois a PM examinará o registro, para validar ou notificar alguma pendência. Quando validado o Brat será disponibilizado em até dez dias. Isso tudo no caso de acidentes sem vítima; com vítima a PM deve ser acionada para ir ao local.

     Vamos acompanhar com cuidado esta iniciativa, afinal, acidentes de trânsito são eventos complexos, geram conflitos interpessoais, discussões e agressões, obstrução na via e outros desdobramentos, que sem a expectativa da presença da polícia, os motoristas mais agressivos e espertos, especialmente aqueles alcoolizados, gente sem CNH, com a carteira vencida, ou os que foram culpados e não querem assumir os prejuízos dos outros, simplesmente poderão sair do local sem obrigação de prestar qualquer informação. Além disso ninguém garante que os motoristas e veículos envolvidos sejam corretamente identificados, ou mesmo que as datas e a dinâmica descritas do sinistro não sejam inovadas com o objetivo de praticar fraude e construir álibis.

     Usar a tecnologia para otimizar o serviço público é muito importante, mas dispensar a presença do estado no ambiente complexo do trânsito, no momento crítico e tenso de um acidente de trânsito, quando as pessoas precisam da ajuda imparcial e firme de um agente público, ou pelo menos a expectativa desta intervenção para coibir os mal-intencionados, poderá trazer consequências negativas para os cidadãos, especialmente para aqueles mais conscientes de seus direitos e deveres enquanto cidadãos.

     É fato que o efetivo de nossas polícias está aquém das demandas de uma sociedade dinâmica, complexa e violenta como a nossa, mas transferir certos procedimentos típicos da administração pública  para os próprios envolvidos sob estresse e despreparados em meio à confusão de um acidente, merecerá um acompanhamento cotidiano dos problemas e reclamações dos usuários, assim como uma avaliação estatística dos resultados. De qualquer forma, vamos torcer para dar certo.              

Buraco quântico na Bernardino: sai dali e aparece lá.

     Incrível este buraco na Bernardino de Mello, esquina com Floresta Miranda. À direita está a cratera onde estava o material que foi utilizado para fechar o buraco no meio da rua. Calçada virou pedreira; isso é que é reciclagem. Genial!  E o pior é que este remendo ajudou, porque eu vi o buraco na pista ainda aberto, e realmente com os alagamentos dos temporais, o risco para o pedestre era maior porque o buraco era muito profundo. Na esquina, vans e motos fazem ponto obstruindo a via; não podia faltar. Poder público nenhum. 

Trânsito é espelho da sociedade - Primeiros Passos.

   Diante do caos no trânsito e nos transportes em Nova Iguaçu, o que fazer?

   Em primeiro lugar não cair na armadilha dos projetos faraônicos de milhões, quando sabemos que muito mais precisam ser destinados para a saúde e educação.

   Mas o trânsito também interfere na saúde(acidentes, estresse e desgaste físico), está ligado à educação, e nas grandes cidades determina sobremaneira a qualidade de vida da população. Mas podemos começar a melhorar este setor de forma simples e eficiente, a partir de três ações imediatas: 1 - instalar sinalização horizontal e vertical massivamente, por tratar-se de medida de baixo custo e de forte impacto visual; 2 - promover imediatamente diversas campanhas educativas para motoristas e pedestres, focando na proteção e respeito aos pedestres e ciclistas, cujos efeitos se reproduziriam diminuindo o estresse e a violência no trânsito; 3 - Mapear e iniciar o tratamento dos pontos críticos nas principais vias da cidade(engenharia, educação e esforço legal), modificando áreas de estacionamento, paradas de ônibus e vans e melhorando os locais para trânsito de pedestres e espera nas paradas de ônibus(que devem ser circulares) .

   Depois sim, viriam o planejamento estratégico e os projetos de médio e longo prazos, que custam milhões, bilhões e aí é muita discussão pela frente. Mas primeiro é fazer o feijão com arroz, o básico do elementar para as pessoas poderem ir e vir com alguma dignidade em Nova Iguaçu e sentirem que o estado está presente, que a cidade não é um faroeste caboclo sofisticado.

   Assim como numa partida de xadrez, quando o jogo está complicado e difícil de resolver tudo, o bom enxadrista diminui as peças no tabuleiro para simplificar o panorama e poder pensar melhor sobre uma forma de ganhar a partida, o trânsito e o sistema de transportes de Nova Iguaçu precisam de simplicidade para planejarmos os movimentos mais complexos mais adiante.

    

Então o caos se fez!

A situação do trânsito e dos transportes em Nova Iguaçu está um caos. Após perder seus últimos traços de cidade do interior e submetida a anos de crescimento desordenado, a população sofre para ir e vir. Falta de transporte coletivo suficiente e digno, infraestrutura urbana precária ou inexistente, congestionamentos, conflitos, pedestres em meio à velocidade e imprudência de motoristas acostumados com a ausência do poder público, calçadas esburacadas e tomadas pela sujeira e comércio informal, falta de sinalização horizontal e vertical, pontos de ônibus espalhados por todo o canto a céu aberto e rodoviária precária, briga permanente entre vans e ônibus para ver quem desrespeita mais o Código de Trânsito Brasileiro, sem falar nos estacionamentos rotativos em locais inadequados e que antes eram de estacionamento proibido por recomendação de engenharia. Tá feia a coisa!